O meu mentor
Claudio Rodrigues
Não sei se minha vida seria a mesma se não tivesse cruzado com José Carlos Teixeira. Era fim dos anos de 1980, trabalhava na recém criada Secretaria Extraordinária de Comunicação Social, da Prefeitura de Feira de Santana.
Teixeira chegou para ser o diretor de redação e chefiar uma equipe que reunia ótimos profissionais. Era época do telex e das máquinas de datilografia Olivetti, que operadas ao mesmo tempo produziam um delicioso barulho, e das fumaças dos cigarros na redação, quase todos fumavam.
Ele fazia o tipo chefe durão. Chegava, entrava em seu “aquário” e gritava: “tem matéria nessa porra não!”, em seguida abria um lindo sorriso e começavam a chegar às laudas em papel jornal com os textos.
Cada um esperava ele “pentear a matéria”, como aluno que entregava o dever de casa ao professor. Se o texto estivesse bom, poderia ir embora, caso contrário era chamado para reescrever.
Depois que ele editava os textos, eu fazia uma cópia e seguia para operar o telex. Através desse aparelho, que as novas gerações não conhecem, que as matérias eram enviadas aos jornais da capital.
Além de mestre, Teixeira foi um pai para todos que tiveram a oportunidade de trabalhar com ele. Em dezembro de 1992, ele me chamou e disse: “estou com um projeto para a cidade de Itabuna, se der certo você está dentro, topa?” Respondi na lata: “com você vou até para ‘os quintos’”
Dois anos depois ele deixou Itabuna e eu continuo trabalhando e morando em terras grapiúnas. Teixeira me deu a régua e o compasso, com o qual eu tracei o meu destino, não seria quem sou sem ele.
Adorava ouvir ele falar sobre MPB, campanhas eleitorais, as situações engraçadas pelas quais passou nas diversas redações, em que trabalhou e principalmente ler e reler seus textos.
Sua partida repentina deixou uma fissura no meu coração, tão grande como o iceberg que rasgou o casco do Titanic.
Segue em paz meu mentor, a saudade será eterna, assim como o seu legado.